Olá.
Trago-vos um livro que li no inicio do verão e adorei. Na altura não escrevi a minha opinião, mas este livro merece que fale acerca dele. Uma história envolvente, com personagens inspiradoras e muito bem escrito por João Aguiar.
Sinopse:
A Voz dos Deuses é já um clássico do romance histórico português contemporâneo. Uma leitura apaixonante que nos dá a conhecer a história de Viriato, um dos construtores da realidade ibérica.
Em 147 a.C., alguns milhares de guerrilheiros lusitanos encontram-se cercados pelas tropas do pretor Caio Vetílio. Em princípio, trata-se apenas de mais um episódio da guerra que a República Romana trava há longos anos para se apoderar da Península Ibérica. Mas os Lusitanos, acossados pelo inimigo, elegem um dos seus e entregam-lhe o comando supremo. Esse homem, que durante sete anos vai ser o pesadelo de Roma, chama-se Viriato.
Entre 147 e 139, ano em que foi assassinado, Viriato derrotou sucessivos exércitos romanos, levou à revolta grande parte dos povos ibéricos e foi o responsável pelo início da célebre Guerra de Numância.
Viriato foi um verdadeiro génio militar, político e diplomático. Mas, sobretudo, Viriato foi o defensor de um mundo que morria asfixiado pelo poderio romano: o mundo em que mergulham as raízes mais profundas de Portugal e de Espanha. É esse mundo, já então em declínio, que este livro tenta evocar.
Aquando do seu aparecimento, em 1984, Fernando Assis Pacheco escreveu serem raras as estreias com tanta qualidade. Depois disso, A Voz dos Deuses, ao longo de sucessivas edições, tornou-se um "clássico" do romance histórico português contemporâneo.
A presente edição surge pela primeira vez ilustrada, com desenhos de Vasco Lopes.
Ouvi falar de Viriato bem cedo na escola-primária. Ensinaram-me que este herói cresceu na Serra da Estrela, possivelmente para os lado de Loriga. Mais tarde lutou contra os romanos e como conhecia muito bem o terreno conseguiu ganhar várias batalhas. Fantástico!! Para uma criança como eu, criada na encosta de Serra da Estrela e a meia hora de Loriga foi uma grande descoberta. Um herói português serrano. Fiquei logo fã. Não ligava muito a história mas dizia com grande orgulho, Viriato é meu vizinho! Apesar de associado a Viseu fiquei sempre com a ideia que era serrano.
João Aguiar logo ao início do livro adverte "(...) Viriato não nasceu nos Hermínios (ou seja. a serra da Estrela)(...)". Pronto, e assim o meu herói caiu do cavalo...
A Voz dos Deuses é seguramente um dos livros que mais gostei de ler até hoje. É um romance histórico muito bem escrito, de forma simples e bonita. Consegui sentir-me naqueles cenários todos, nos templos, nos campos de batalha... Apesar de nos contar as batalhas de Viriato, não as descreve com grande pormenor, centra-se mais nas estratégias e para quem não gosta de descrições muito exaustivas é óptimo.
A história é narrado por Tongio, sacerdote no tempo do grande deus Endovélico. Tongio, por quem senti uma grande empatia desde o inicio, conta a sua história de vida; origens, infância, descobertas e a dado momento, como o seu destino cruza-se com o de Viriato, o grande herói lusitano e pesadelo dos romanos. É a partir daí que começamos a conhecer os grandes feitos deste herói.
É com estas memórias que Tongio nos transporta para aquela época, que conheço muito pouco, confesso, mas gostei muito.
O livro termina muito bem. Não sei explicar mas as ultimas páginas fizeram-me sentir uma leveza tão grande, mexeu comigo e senti-me bem.
Vou reler um dia, tenho a certeza.
No final também descobri a origem de uma expressão popular conhecida, que não fazia ideia que estava ligada à história de Viriato. Não sei se assim reza a lenda ou o autor adaptou, mas faz todo o sentido.
Este é um livro mais do que recomendado!!!
"Está ainda bem viva a memória da batalha travada nas proximidades de Tríbola. Muitos homens com quem tenho falado, ao saberem que fui um dos combatentes, olham para mim com um respeito quase religioso: sem dar por isso, passei a fazer parte de uma lenda heróica."
Seria tão mais interessante se os livros de história nos cantassem histórias assim.
Boas leituras
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