domingo, 11 de outubro de 2015

Opinião - O que é o quê de Dave Aggers

Este livro é o relato emotivo da minha vida: desde a altura em que fui separado da minha família em Marial Bai, abarcando os treze anos que passei em campos de refugiados etíopes e quenianos, até ao meu encontro com a cultura ocidental.
Era apenas um rapaz quando a guerra civil sudanesa começou, uma guerra que matou dois milhões e meio de pessoas. Sobrevivi atravessando muitas paisagens rigorosas ao mesmo tempo que era bombardeado pelas forças aéreas sudanesas, me esquivava a minas terrestres, era perseguido por animais selvagens e assassinos humanos. Alimentava-me do que colhia e, durante dias seguidos, não comi nada. As dificuldades eram insuportáveis. Tentei tirar a minha própria vida. Muitos dos meus amigos e milhares dos meus conterrâneos não sobreviveram a estas tribulações.
Este livro nasceu do desejo por parte do autor e meu de estender a mão a outros e ajudá-los a compreender as atrocidades que os governos do Sudão cometeram antes e durante a guerra civil. Com esse objectivo contei a minha história ao autor. Ele engendrou então este romance, aproximando a voz do narrador da minha própria voz e usando os acontecimentos da minha vida como base. Uma vez que muitas das passagens são ficcionais, o resultado toma o nome de romance.
Valentino Achak Deng

Esta é a história de Valentino Achak Deng, que como muitos africanos para fugir à morte e em busca de sonhos fazem viagens inimagináveis.

Sinopse:
Esta é a história da extraordinária capacidade de um rapaz para suportar atrocidade atrás de atrocidade e ainda assim recusar-se a abandonar a decência, a amabilidade e a esperança de encontrar um lar e uma vida digna.


“O que quer que faça, seja como for que encontre uma forma de viver, contarei estas histórias. Falei com cada pessoa que encontrei nestes últimos e difíceis dias e com cada pessoa que entrou neste clube durante estas terríveis horas matutinas, porque fazer outra coisa que não isto seria algo menos que humano. Falo com estas pessoas e falo consigo porque não consigo evitá-lo. Dá-me força, uma força quase inacreditável, saber que está aí. Cobiço os seus olhos, os seus ouvidos, o espaço entre nós. Como somos abençoados por nos termos um ao outro! Eu estou vivo e você está vivo, por isso temos de encher o ar com as nossas palavras. Fá-lo-ei hoje, amanhã, cada dia que Deus me leve até ele. Contarei histórias que outras pessoas escutarão e a pessoas que não querem escutar, a pessoas que me procuram e àquelas que fogem de mim. E durante todo esse tempo saberei que está aí. Como posso fazer de conta que não existe? Seria quase tão impossível como você fazer de conta que eu não existo.”

Começo por utilizar as últimas palavras deste livro, por resumirem de uma forma quase poética o essencial deste e de outros livros, que é contar histórias. Dar-nos a conhecer outras culturas, outros lugares e outros pontos de vista.
Este traz-nos o ponto de vista de um sudanês adulto refugiado nos EUA, sobre o choque cultural e das dificuldades de integração na nova sociedade. Mas a sua história começa muito antes, na sua infância com a perda dos seus pais, da sua aldeia e com a fuga para salvar a sua própria vida.
Numa altura em que somos bombardeados todos os dias na televisão e nas redes sociais com a questão dos refugiados, este e outros livros podem ajuda-nos a ter uma perspectiva do outro lado da história. E todos sabemos que para se fazerem boas escolhas temos de conseguir ver as duas partes. Por isso leiam e façam as vossas escolhas!

Opinião de Margarida Ribeiro.

Espero que tenham ficado tão entusiasmados para ler como eu. A Margarida tem-me falado de forma tão entusiasmada deste livro, que é impossível não ter vontade de ler. É uma edição de 2009 e penso que não será fácil encontrar, mas se o encontrarem apostem nele, pois trata-se uma história incrível e inspiradora e um tema bastante actual. É um romance porque tem algumas passagens ficcionais, mas baseia-se num relato verídico. É uma história que nos vai fazer pensar.

Boas leituras

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