terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Desafio "Um livro por mês" (7) - Os Maias de Eça de Queiroz

   Olá! Tudo bem?

   Não tenho parado muito para poder escrever por aqui, mas hoje é um dia especial, e estou de folga, então reservei a manha para vos falar do ultimo livro que li. Livro que falarei também no jornal habitual :)

  Falo do odiado e amado livro de Eça de Queiroz, o pesadelo do 11ºano...


  OS MAIAS


Sinopse: Trata-se da obra-prima de Eça de Queirós, publicada em 1888, e uma das mais importantes de toda a literatura narrativa portuguesa. Vale principalmente pela linguagem em que está escrita e pela fina ironia com que o autor define os caracteres e apresenta as situações. É um romance realista (e naturalista), onde não faltam o fatalismo, a análise social, as peripécias e a catástrofe próprias do enredo passional.


A obra ocupa-se da história de uma família (Maia) ao longo de três gerações, centrando-se depois na última geração e dando relevo aos amores incestuosos de Carlos da Maia e Maria Eduarda.

Mas a história é também um pretexto para o autor fazer uma crítica à situação decadente do país (a nível político e cultural) e à alta burguesia lisboeta oitocentista, por onde perpassa um humor (ora fino, ora satírico) que configura a derrota e o desengano de todas as personagens.


  Os Maias desenvolve-se em duas acções, a primeira, a história da família Maia, principalmente a vida, os amores e desamores de Carlos e a segunda em torno da sociedade da época, da alta burguesia lisboeta. 

  Resumindo rapidamente, o romance começa por falar da família Maia, das suas propriedades, casas, da sua história. 
   Afonso da Maia tem um filho, Pedro que é educado pela mãe, numa educação romântica, que o vai tornar um “fraco” incapaz de lidar com os problemas da vida. Pedro casa e tem dois filhos, mais tarde é abandonado pela mulher que foge com outro homem, leva a filha e deixa para tras, o filho Carlos Eduardo. Pedro incapaz de lidar com esta tragédia suicida-se e Carlos fica entregue aos cuidados do avô.
  Cresce saudável e bonito. Forma-se em medicina, viaja pela Europa toda e faz bons amigos como João da Ega que será o seu fiel amigo. Jovem, bonito, rico… ingredientes perfeitos para amores e desamores… 
  Acaba por conhecer Maria Eduarda, um amor forte, verdadeiro mas impossível por razões que vão conhecer ao ler o livro.
  Tudo isto num ambiente, muito agitado da sociedade, da alta burguesia de Lisboa. 

  É o retrato da sociedade, tão bem feito por Eça, com a sua crítica irónica que me faz gostar tanto deste livro. 
  A sociedade da época esta a passar por uma transformação e temos por um lado uma sociedade Romântica, daí o subtítulo da obra ( que por acaso este livro não tem, mas devia, na minha opinião) “Episódios da vida romântica” e uma nova geração Realista, Naturalista. 
  Ao contrário do Romantismo, que é a arte do sonho e da fantasia, que se baseia nas emoções e crenças, o Realismo, é o retrato da realidade tal qual ela é, sem fantasias, retóricas é mais objectivo.
  Essa mudança acontece na segunda metade do séc. XIX e o próprio Eça integra esse movimento artístico e literário.

  Eça passa para o romance esses movimentos, o conflito, a mudança de pensamento ou a sua defesa. São vários os episódios onde podemos conhecer a vida desta sociedade em mudança, nas corridas de cavalos, nos jantares, a imprensa, nos saraus. Estes movimentos são constantemente tema de conversa.
  
   Os Maias, são mais do que uma história de amor. Se fosse só a história trágica, de Carlos Eduardo e Maria Eduarda eu não falava deste livro, não ia achar interessante. Para mim é um pormenor, no meio deste livro fantástico.

   Às primeiras páginas o Eça assusta qualquer pessoa com as suas descrições extensas, que para algumas pessoas, são importantes para se centrarem na história, mas para outras é suficiente para fecharem o livro e arrumarem na prateleira. Mas confiem em mim, se gostam de histórias bem escritas, com boas personagens, com debate de ideias, peripécias hilariantes e bastante profundidade, leiam OS MAIAS. São 700 páginas para ler com calma e gosto.
   Dei por mim algumas vezes tentada a ler descrições na diagonal, confesso, mas ai, parava e voltava a ler mais tarde e com mais paciência. 
   Também sei que no 11º ano é um livro de leitura obrigatória na disciplina de português. Na altura gostei de ler, mas tenho pena de não ter percebido porque é tão importante o estudo desta obra, li por obrigação e tive sorte de ter achado interessante, mas só isso. Passados 10 anos (tantos…) voltei a gostar e muito graças a uma personagem chamada João da Ega, de Celorico da Beira. Amigo intimo de Carlos, extrovertido, irónico, cheio de vida, que a dada altura se revolta com a sua vida e com a sociedade, então decide voltar para Celorico e escrever uma obra dedicada a Lisboa chamada “Lodaçal”. Uma personagem que traz alegria a leitura e é impossível falar ou escrever dele sem sorrir é a minha personagem favorita e talvez sem ele não aguentava a leitura do romance. 

  Ao conhecer Eça de Queiroz, podemos encontrar reflexões da sua vida tanto em Carlos da Maia como no João da Ega. Vi recentemente num documentário sobre Os Maias que se Eça não tivesse viajado iria tornar-se num “Ega”, ficando por Lisboa a fazer troça de todos, como teve oportunidade de viajar e se instruir era mais “Carlos da Maia”. Isso chamou-me a atenção e fiquei com muito curiosidade para conhecer mais da sua obra e da sua pessoa, é bem provável que volte a falar dele.


  Eça de Queroz nasceu em 1845 em Povoa de Varzim, aos 16 anos foi estudar Direito para Coimbra, defensor do realismo viajou pela Europa e Egipto que inspirou vários dos seus trabalhos. Para além de Os Mais, escreveu, O Mandarim, A Capital, O Crime do Padre Amaro, A Cidade e as Seras, entre ouros. Os seus trabalhos foram traduzidos em cerca de 20 idiomas. Morreu em 1900 em Paris. 



“- Ouça, abade. Toda a diferença é essa. Eu quero que o rapaz seja virtuoso por amor a virtude e honrado por amor a honra; mas não por medo às caldeiras de Pero Botelho, nem com o engodo de ir para o reino do céu” 

“Não há nada de inocente na natureza, minha rica senhora. Indecente é a ignorância…”

                                                                                                 Afonso da Maia

“A civilização fica-nos curta nas mangas! Isto é uma choldra ignóbil!”

“E o que temos nós sido, desde o colégio? Desde o exame de latim? Românticos! Indivíduos inferiores que se governam na vida pelo sentimento e não pela razão.”

João da Ega

  Espero que tenha sido convincente! Não julguem o livro pelas primeiras descrições, Os Maias é uma grande obra e não é por acaso que ela é estudada na escola. Espero que tenha ajudado nesse sentido. Podem comentar e fazer perguntas

  Deixo o documentário que falei... podem encontrar este video e muito mais em http://ensina.rtp.pt/artigo/oa-maias-grandes-livros/, visitem vale muito a pena. isto sim é serviço  publico!


Beijinho e boas leituras!!!
    





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