quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Canções com história #8 - A Minha Casinha de Xutos e Pontapés (ou não)

As saudades que eu já tinha
Da minha alegre casinha
Tão modesta quanto eu.

Meu deus como é bom morar
Modesto primeiro andar
A contar vindo do céu.

A Minha Casinha dos Xutos e Pontapés é conhecida por toda a gente, mas será que é um original da banda liderada por Tim?
A resposta é: NÃO

O que a maioria das pessoas não sabe é que esta é uma versão de uma canção que ficou conhecida após ser interpretada por Milú, Luisinha, em O Costa do Castelo de Arthur Duarte. A canção é da autoria de Silva Tavares e música de António Melo.
Maria de Lurdes de Almeida Lemos, Milú (nome artístico), nasceu em Lisboa a 24 de Abril de 1926. Foi actriz e cantora e a primeira vedeta do cinema português a ser convidada por Hollywood, o convite foi feito mais que uma vez mas Milú recusou por medo de não corresponder às expectativas. 
A sua carreira começou muito cedo actuando em emissões radiofónicas e o seu nome artístico chamou desde logo a atenção da Emissora Nacional. 
Aos 12 anos estreou-se simultaneamente no teatro e no cinema, com uma breve participação no filme A Aldeia da Roupa Branca (1939), de Chianca de Garcia, ao lado de Beatriz Costa. 
A sua popularidade leva o realizador Arthur Duarte convidá-la, em 1943, para protagonizar O Costa do Castelo que se transformou num êxito, designadamente a canção Cantiga da rua, que interpretava ao lado de A minha casinha
Nesse mesmo ano parte para Espanha onde filma "Doce lunas de miel" de Ladislao Vajda, ao lado de grandes nomes do cinema espanhol. No final do ano casa-se e para grande desilusão corre a notícia do fim da sua carreira. Porém ao fim de poucos anos voltas às telas de cinema em O Leão da Estrela em 1947
Viveu a época de ouro do cinema português, entre os anos 40 e 50, a sua beleza encantou gerações de portugueses e portuguesas, comparada às estrelas de Hollywood.. 
Trabalhou em filmes como A Volta de José do Telhado (1949), O Grande Elias (1950), Os Três da Vida Airada (1952), Dois Dias no Paraíso (1958), O Diabo Era Outro (1969) e Kilas, o Mau da Fita (1981).
No teatro foi a revista que a fez primeira figura nos palcos e assim foi até ao fim da década de 60. 
Nos últimos anos da sua vida perdeu a visão e morreu no dia 5 de Novembro de 2008, em Cascais, vítima de problemas respiratórios. 

A sua voz imortalizou músicas como Cantiga da Rua e A Minha Casinha.



A Minha Casinha 

Que saudades eu já tinha 
Da minha alegre casinha 
Tão modesta como eu 
Como é bom meu Deus morar 
Assim num primeiro andar 
A contar vindo do céu 

O meu quarto lembra um ninho 
E o seu tecto é tão baixinho 
Que eu ao ir p’ra me deitar 
Abro a porta em tom discreto 
Digo sempre senhor tecto 
Por favor deixe-me entrar 

Tudo podem ter os nobres 
Ou os ricos de algum dia 
Mas quase sempre o lar dos pobres … 
Tem mais alegria 

De manhã salto da cama 
E ao som dos pregões de Alfama 
Trato de me levantar 
Porque o Sol meu namorado 
Rompe as frestas do telhado 
E a sorrir vem me acordar 

Corro então toda ladina 
Minha casa pequenina 
Bem dizendo o solo cristão 
Deitar cedo e cedo erguer 
Dá saúde e faz crescer 
Diz o povo e tem razão 

Na década de 80, os Xutos e Pontapés deram uma nova vida a esta música histórica, trazendo-a para o seu estilo musica.
A versão dos Xutos fez e continua a fazer sucesso e é impossível ficar indiferente à sua energia contagiante contrariamente à versão original. 




Espero que tenham gostado e dançado agora neste final :P

Beijinhos e nunca deixem de ser curiosos

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