domingo, 31 de janeiro de 2016

Leituras de Janeiro

Olá!

Hoje venho mostrar as minhas leituras de janeiro.
Quem me acompanhou ao longo deste mês já reparou que entrei em 2016 cheia de vontade de ler. Em janeiro li 6 livros e felizmente não houve nenhum que não gostasse. 

Foi um excelente arranque de ano, não só a nível de leituras mas também de manutenção do blogue. Esta é a nona mensagem este mês, o pode parecer pouco mas para quem andava meio afastada é muito bom.

Das seis leituras publiquei apenas quatro opiniões que podem consultar aqui:


Sobre o livro da Kéfera Buchmann, Muito mais que 5inco minutos, posso dizer que foi uma leitura agradável. Kéfera é uma youtuber brasileira, uma das mais amadas e odiadas do país com quase 7milhões de fãs. Kéfera é actriz e a sua personalidade divertida colaram-me ao youtube uma semana inteira à uns bons meses e desde aí tenho seguido um pouco os seus vídeos e percurso.
 O seu livro fala uma pouco da sua adolescência e do inicio da sua carreira e é direcionado sobretudo para o público joven, pois aborda muitos temas que lhes dizem respeito, principalmente o bulling.
A Kéfera já me fez rir muito com os seus vídeos e eu li o seu livro todo com a sua voz e isso deixou-me bem disposta. Li porque sou uma das suas fãs... fazer o quê? ela faz-me sorrir :P Ela, não é escritora, isto não é uma obra literária, mas não podia deixar passar este livro à minha frente sem o ler. =) 

O Encantamento de Alice Offman desiludiu-me um pouco. Tem uma sinopse muito interessante e apesar de ser um livro curtinho eu esperava muito mais dele. É um conto bom para ler numa tarde mas que fica por aí. Não é inesquecível.
Já agora fiquem atentos porque brevemente vou sortear este livro e talvez não seja o único. 

E estas foram as minhas leituras. Amanhã trago-vos os meus planos para fevereiro.
E por aí, o que andaram a ler? Já leram alguns destes livros?

Beijinhos

sábado, 30 de janeiro de 2016

Opinião - Não há aves em Sobibor de João Carlos Máximo

"Eram muitos com fome, com ideias macabras, mas a porta, felizmente, estava ali, muito perto ao nosso alcance. Aquela experiência que fui desenvolvendo e repensando enquanto regressávamos ao esgoto, fez-me perceber o quão comovente era o nosso cenário, porque afinal, uma vez chegados ali, já não podíamos confiar em ninguém, já nem nos nossos podíamos confiar, o instinto animalesco de sobrevivência, esse os nazis quiseram accionar e experimentar em cada um de nós, (...)"

Sinopse:
Aquele que ousa esquecer a sua história, arrisca-se a vivê-la de novo.
Auschwitz era uma cerca de metal ondulando na brisa, era um piano que tocava num tremor desalmado pelas cordas de arame farpado...milhares de claves que me amoleciam o espírito, que me levavam à depressão. As barracas e o sonho da minha infância, levado por Karol e Dragomir.
(Henryk) - "Sobibor? Que lugar é esse? Porquê? O que têm aquelas árvores?"
(Isaac) - "Falta quem lhes dê música. Falta quem as habite. Quem lhes dê vida e movimento."
(Henryk) - "Mas, não há pássaros, aqui?!"
(Isaac) - "Não, filho! E é por isso que eu sei, e que eu tenho a certeza, que não estamos em Auschwitz, mas sim, num outro lugar chamado Sobibor. E é por isso que eu sei que tudo isto tem importância, que tudo isto irá ser lembrado, um dia!"
(Henryk) - "Não há aves em Sobibor?"
(Isaac) - "Não, Henryk. Não há aves em Sobibor..."
A neblina matinal que tarda em desaparecer, os telhados negros, os gorros siberianos, a ausência de natureza, o barulho ensurdecedor das máquinas, as malas dos ciganos na linha do comboio, a primeira cortina de ferro da história da humanidade. O enforcado que subia ao altar, a filha de Rudolf Höss a brincar no alpendre, a marcha dos soldados, as saudações, e tu, Europa, minha bela Europa, que me tocas, que me carregas, que me trazes protegido sob as lonas deste jipe furtivo da Wehrmacht. Talvez, por sorte, talvez, por pouco tempo, fosse possível prolongar aquele diálogo interrompido, lá longe, ainda lá fora, em pleno campo de extermínio de Sobibor.
(Isaac) - "Então, meninos! Querem saber qual é o meu segundo sonho?"
(Erek) - "Porque não usa uma estrela amarela, como nós? Em vez disso, porque tem um triângulo vermelho virado ao contrário?
(Iwona) - "Deixa comigo. Eu depois explico-te."

Opinião:
Este livro conta a história de dois irmãos, judeus polacos, capturados pelos nazis após a invasão das tropas alemãs à Polónia. Vão passar pelo Gueto de Łódź, o Gueto de Varsóvia até serem levados para Auschwitz. Durante este percurso vão conhecendo algumas pessoas que vão viver com eles o medo, a fome e horror dos atentados à sua vida, mas também a luta pela sobrevivência, a bondade e os pequenos milagres que surgem nos piores momentos, pois a esperança é a última a morrer e é importante ser-se óptimista.
É através da história destes irmãos que o autor nos leva numa viagem até ao Holocausto Nazi. 
Com a leitura deste livro ficamos com uma ideia dos horrores vividos por todos os que foram perseguidos, das loucuras megalómanas de um ditador desumano e de uma Europa fria, escura e em guerra. Este livro é uma boa opção para quem quer começar a conhecer este período histórico.

Depois da agradável surpresa com o Para sempre Carcóvia, livro do mesmo autor, estava muito curiosa para ler este livro. Confesso que gostei mais desta obra, talvez pelo tema ser mais conhecido ou por já estar familiarizada com a escrita do João Máximo, a verdade é que eu li com mais entusiasmo, com mais ritmo e em poucos dias.
O autor é possuidor de um vocabulário riquíssimo e isso valoriza a sua escrita. Ainda é assustador olhar para algumas páginas e ver que não contêm parágrafos, mas o ritmo de leitura não se perde, ao contrário do primeiro livro onde senti dificuldade com o narrador e o autor a falar ao mesmo tempo. Bem sei que estas histórias são a via para o autor partilhar connosco a sua experiência, mas por vezes perdia-me um pouco. 
Então fica a dica; se queres iniciar este autor, começa com este livro.

Agora tenho de falar de alguns pontos negativos. É apenas a minha opinião e vale o que vale. 
Embora compreenda que o objectivo principal do autor seja abordar o tema do holocausto e transmitir o que sentiu ao visitar todos aqueles locais (acreditando eu que seja isso), por vezes surgiam diálogos que me pareciam um pouco forçados ou sem emoção. Caramba, aqueles miúdos perderam os pais, estão a viver horrores e eu queria que eles sentissem mais desespero, dor, confusão, luto... o João criou boas personagens e gostei delas, mas faltou-lhes um pouco de emoção. Outro momento que também gostava de ver mais desenvolvido foi a estadia no Gueto de Łódź, acontece tudo muito rápido e Iwona conhece todo o gueto e seu funcionamento de forma imediata.

No geral gostei bastante de ler este segundo livro do João Maximo, onde ele demonstra o seu "amor" ao velho continente, esta Europa tão bela mas também capaz das maiores atrocidades e de um leste que tem os seus encantos mesmo nos momentos mais sombrios.
Gostei também da discreta homenagem que faz ao seu irmão e do momento que dá nome ao livro.
Fiquei cheia de vontade de conhecer melhor esta época histórica e ler mais histórias vividas naqueles locais.

Teria muito mais a dizer sobre o livro mas o texto já vai longo. Espero pelos vossos comentários, incluindo o do João Máximo, pois seria importante para esclarecer alguma dúvida ou lapso da minha parte.
Quanto a ele, desejo o maior sucesso e que continue a escrever. Fico à espera de novidades.

Boas leituras!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Opinião - Ninguém Escreve ao Coronel de Gabriel García Márquez


"O administrador entregou-lhe a correspondência. Meteu o resto no saco e voltou a fechá-lo. O médico preparou-se para ler as cartas pessoais. Mas antes de rasgar os envelopes olhou para o coronel e depois para o administrador.
- Nada para o coronel?
O coronel sentiu o terror. O administrador pôs o saco ao ombro, desceu o passeio e respondeu sem virar a cabeça:
- Ninguém escreve ao coronel."

Sinopse:
Publicado pela primeira vez em 1961, Ninguém Escreve ao Coronel é o segundo romance de Gabriel García Márquez, escrito durante a sua estada em Paris, onde trabalhava como correspondente de imprensa desde meados dos anos 50.
Num estilo puro e transparente, com uma economia expressiva excepcional que marcava já o seu futuro como escritor, García Márquez narra com brilho inaudito a história de uma injustiça e violência: um pobre coronel reformado vai ao porto esperar, todas as sextas-feiras, a chegada de uma carta oficial que responda à justa reclamação dos seus direitos por serviços prestados à pátria. Mas a pátria permanece muda…


O meu primeiro contacto com a escrita do Nobel da Literatura Gabriel García Márquez não podia ser melhor. A sua escrita cativante e cheia de ritmo fez com que lesse esta clássico em cerca de duas horas. A história é muito boa e apesar do seu peso sentimental não me deixou triste, deixou-me pensativa.

Este coronel, ex combatente na guerra civil, espera há cerca de década e meia por uma pensão por serviços prestados à pátria, prometida por um governo há muito derrubado. Vive na pobreza com a sua mulher doente, numa casa sem grandes condições e numa ditadura, onde os jornais não contam tudo, a igreja censura os filmes e existe o recolher obrigatório.
O coronel e a sua esposa perderam o seu filho que era de certa forma o sustento da casa. Com a sua morte, restou-lhes apenas o seu galo que agora alimentam na esperança de o poder vender ou levar a ganhar uma luta e com isso facturar. Isso é motivo de discórdia ente os dois.
O pobre homem todas as sextas espera a bendita carta com a pensão que nunca chega e a sua situação piora de dia para dia. Ele deposita todas as esperanças naquela carta e no seu galo que tem de alimentar nem que para isso passe fome.  "A ingratidão humana não tem limites."

O autor escreveu esta obra numa fase da sua vida menos próspera durante uma estadia em paris e acredito que o sofrimento implícito no texto tenha sido vivenciado na primeira pessoa. 
Com a história deste pobre coronel Gabriel G. Márquez, faz uma crítica à burocracia, à sociedade injusta, gananciosa e que só protege os mais fortes e até à forma como os outros olham para a América Latina.

"É a mesma história de sempre (...) Nós passamos fome para que comam os outros. É a mesma história desde há quarenta anos."

Gostei bastante deste livro, a narração é magnífica e li as suas 93 páginas de forma viciante. O final (as últimas palavras) é genial. Depois de ler fiquei com a sensação que já ouvi falar deste livro ou este final na rádio. A última palavra soou na minha cabeça com voz bem colocada e grave, irónica mas sofrida.

Certamente este ano lerei mais alguma coisa deste Nobel da Literatura e vou dedicar umas publicações só a ele. Para já fica a minha experiência com esta primeira leitura e o convite à sua leitura.

E alguém por aí já leu este livro? O que acharam? Gostava de saber as vossas opiniões =)
Beijinhos e boas leituras!




quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Canções com história #8 - A Minha Casinha de Xutos e Pontapés (ou não)

As saudades que eu já tinha
Da minha alegre casinha
Tão modesta quanto eu.

Meu deus como é bom morar
Modesto primeiro andar
A contar vindo do céu.

A Minha Casinha dos Xutos e Pontapés é conhecida por toda a gente, mas será que é um original da banda liderada por Tim?
A resposta é: NÃO

O que a maioria das pessoas não sabe é que esta é uma versão de uma canção que ficou conhecida após ser interpretada por Milú, Luisinha, em O Costa do Castelo de Arthur Duarte. A canção é da autoria de Silva Tavares e música de António Melo.
Maria de Lurdes de Almeida Lemos, Milú (nome artístico), nasceu em Lisboa a 24 de Abril de 1926. Foi actriz e cantora e a primeira vedeta do cinema português a ser convidada por Hollywood, o convite foi feito mais que uma vez mas Milú recusou por medo de não corresponder às expectativas. 
A sua carreira começou muito cedo actuando em emissões radiofónicas e o seu nome artístico chamou desde logo a atenção da Emissora Nacional. 
Aos 12 anos estreou-se simultaneamente no teatro e no cinema, com uma breve participação no filme A Aldeia da Roupa Branca (1939), de Chianca de Garcia, ao lado de Beatriz Costa. 
A sua popularidade leva o realizador Arthur Duarte convidá-la, em 1943, para protagonizar O Costa do Castelo que se transformou num êxito, designadamente a canção Cantiga da rua, que interpretava ao lado de A minha casinha
Nesse mesmo ano parte para Espanha onde filma "Doce lunas de miel" de Ladislao Vajda, ao lado de grandes nomes do cinema espanhol. No final do ano casa-se e para grande desilusão corre a notícia do fim da sua carreira. Porém ao fim de poucos anos voltas às telas de cinema em O Leão da Estrela em 1947
Viveu a época de ouro do cinema português, entre os anos 40 e 50, a sua beleza encantou gerações de portugueses e portuguesas, comparada às estrelas de Hollywood.. 
Trabalhou em filmes como A Volta de José do Telhado (1949), O Grande Elias (1950), Os Três da Vida Airada (1952), Dois Dias no Paraíso (1958), O Diabo Era Outro (1969) e Kilas, o Mau da Fita (1981).
No teatro foi a revista que a fez primeira figura nos palcos e assim foi até ao fim da década de 60. 
Nos últimos anos da sua vida perdeu a visão e morreu no dia 5 de Novembro de 2008, em Cascais, vítima de problemas respiratórios. 

A sua voz imortalizou músicas como Cantiga da Rua e A Minha Casinha.



A Minha Casinha 

Que saudades eu já tinha 
Da minha alegre casinha 
Tão modesta como eu 
Como é bom meu Deus morar 
Assim num primeiro andar 
A contar vindo do céu 

O meu quarto lembra um ninho 
E o seu tecto é tão baixinho 
Que eu ao ir p’ra me deitar 
Abro a porta em tom discreto 
Digo sempre senhor tecto 
Por favor deixe-me entrar 

Tudo podem ter os nobres 
Ou os ricos de algum dia 
Mas quase sempre o lar dos pobres … 
Tem mais alegria 

De manhã salto da cama 
E ao som dos pregões de Alfama 
Trato de me levantar 
Porque o Sol meu namorado 
Rompe as frestas do telhado 
E a sorrir vem me acordar 

Corro então toda ladina 
Minha casa pequenina 
Bem dizendo o solo cristão 
Deitar cedo e cedo erguer 
Dá saúde e faz crescer 
Diz o povo e tem razão 

Na década de 80, os Xutos e Pontapés deram uma nova vida a esta música histórica, trazendo-a para o seu estilo musica.
A versão dos Xutos fez e continua a fazer sucesso e é impossível ficar indiferente à sua energia contagiante contrariamente à versão original. 




Espero que tenham gostado e dançado agora neste final :P

Beijinhos e nunca deixem de ser curiosos

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Opinião - A Revolução da Mulher das Pevides de Isabel Ricardo

"Europa, ano de 1807.
No antigo continente abatera-se um terrível furacão que estava a arrasar tudo à sua passagem. Napoleão Bonaparte. Este homem estava decidido a tornar-se imperador do mundo e para isso precisava de calcar aos seus pés todos os reinos que lhe fizessem frente."

Um por um, os reinos iam caindo derrotados e conquistados por Bonaparte...
Mas será que as suas tropas tiveram vida fácil em terras lusitanas...?

Sinopse:
Os exércitos de Napoleão ocupavam Portugal. Uma mulher, armada apenas da sua beleza e argúcia, vai despoletar a revolução para os expulsar 

Perante os canhões e as balas dos exércitos franceses, Ana Luzindra só tinha uma arma: a sua beleza. Mas a beleza também pode ser mortal.

A Revolução da Mulher das Pevides transporta-nos para os anos de terror das invasões francesas. A morte e a crueldade marchavam lado a lado com os exércitos veteranos de Napoleão. E enquanto a Família Real fugia para o Brasil, o povo ficava para suportar todo o tipo de humilhações.
Na vila da Nazaré, Ana Luzindra é parteira de profissão e uma mulher simples. Para fazer frente aos canhões e balas dos franceses só tem uma arma: a sua estonteante beleza. Atraindo-os, um a um, para a morte na calada da noite, a jovem inspira toda uma comunidade e pegar em pedras e paus para expulsar os invasores.
A Revolução da Mulher das Pevides, expressão da Nazaré que significa “algo insignificante”, foi tudo menos isso: pelo sobressalto que pregou aos franceses, e pela posterior vingança desproporcionada que estes praticaram sobre a Nazaré, acabou por ser um dos momentos mais importantes da invasão, e inspiraria o longo e árduo caminho dos portugueses e aliados até à derradeira vitória sobre as tropas do temível Napoleão.

Recorrendo a uma pesquisa exaustiva, Isabel Ricardo oferece-nos um bilhete para um dos períodos mais importantes da História de Portugal.

Opinião:
Depois da leitura de "O Último Conjurado" ( podem ler a opinião aqui) a expectativa para esta leitura era muito alta e a Isabel Ricardo não desiludiu em nada. Já esperava gostar do livro pois a escrita da autora é viciante, mas o que me agradou mais foi a dedicação, a pesquisa e o rigor histórico da obra. 
Claro que são as personagens e as suas vivências que fazem o livro, mas gostei muito da parte histórica, as estratégias dos países envolvidos na invasão, as batalhas mais importantes, as datas, os lugares, o número de soldados envolvidos, etc.. 
Não vale a pena falar muito sobre a história em si pois a sinopse é bem explicita. Vou apenas destacar o que mais me agradou na obra.

Destaco em primeiro lugar o povo nazareno, com o seu dialecto característico, desconhecido para mim e que me divertiu imenso ao longo da leitura 
"-É verdade, Tonhe. P'ra mal dos nossos pecades... Esses coirões desgraçades invadiram-nes. Mar os assombrasse!"
"-Este ataque, este tife negral, vai-me inchamardear a roupa toda..."
"-O Francês ' tava arreade com' ós porques!... Saiu daqui aos trepeções e continuou assim na rua, Pra onde é q' ele foi na faç' idéa..."

E as pragas de Joana de Estopa...
"-Mar t' assombrasse!"
"-Vai t'atirar do suberc' abaixe!"

As personagens são de facto um ponto forte mas esperava mais de algumas como é o caso de Ana Luzindra. No entanto outra personagens feminina acaba por ganhar importância e protagonizar um dos momentos mais surpreendentemente cruéis da história. Ainda 'tou aqui assetuada! Esse episódio veio mostrar que a autora consegue ser tão cruel como bem humorada, e é de salientar o equilíbrio que existe ao longo do livro entre todos os momentos divertidos e trágicos, não há mudanças bruscas, as coisas simplesmente vão acontecendo.
Não consigo escolher uma personagem favorita ou a que mais se destaca, pois vão ganhando visibilidade com o desenrolar dos acontecimentos. A Joana de Estopa divertiu-me tal como as crianças, tive um fraquinho pelo Diego, gostei do Rodrigo mas os ciúmes estragaram tudo, a Ana Luzindra começou bem mas depois perdeu-se um pouco... Na verdade o grande protagonista desta história é mesmo este povo nazareno (português) que tudo fez para complicar a vida aos invasores e para defender as suas terras, os seus pertences, o seu reinos e a sua própria vida. 

O rigor histórico traz-nos todos os acontecimentos e protagonistas da Primeira Invasão Francesa, desde os planos de Bonaparte para nos invadir, a aliança com Espanha, locais, datas e resultados das batalhas e a saída das tropas francesas do nosso reino, com a colaboração dos nossos aliados Ingleses, que não foram assim tão amigos no final de contas. Aquela negociação podia ter sido mais vantajosa para Portugal.

Isabel Ricardo consegue de uma forma muito criativa dar-nos a conhecer mais um momento histórico de Portugal. 
A dedicação e empenho na pesquisa histórica é bem visível e o facto da maioria das personagens nazarenas terem de facto existido, sendo algumas antepassados da própria Isabel, torna o livro ainda mais especial.
Grande homenagem, excelente romance histórico e grande escritora.
Um livro cheio de emoções, com toque de humor e horros. Ainda " 'tou aqui assetuada!" =)
Excelente aposta da editora Saída de Emergência.

Não deixem passar o oportunidade de ler este romance, esta história de amor à pátria por um povo que não se deixou cair aos pés do brutamontes Napoleão Bonaparte. As invasões francesas foras as mais bárbaras de sempre, estes soldados foram cruéis, impiedosos e implacáveis, mas nem sempre...

E vocês já leram? O que acharam?

Beijinhos e boas leituras!

sábado, 16 de janeiro de 2016

Opinião - O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald

"Quando eu era mais novinho, e mais vulnerável, o meu pai deu-me um determinado conselho que ainda hoje me anda às voltas na cabeça.
- De cada vez que te apetecer criticar alguém - disse-me -, lembra-te sempre de que nem toda a gente neste mundo gozou algum dia das vantagens que tu tens tido."

****
E foi justamente nas primeiras linhas, no primeiro parágrafo, nos primeiros segundos de leitura... que este livro me agarrou.

Sinopse

Justamente considerada uma das mais importantes obras de ficção do século XX, O Grande Gatsby é um retrato notável da era dourada do jazz em toda a sua decadência e excessos. Pelos olhos do provinciano Nick Carraway, conhecemos a história do misterioso Jay Gatsby, um milionário que subiu na vida a pulso, movido pela paixão quixotesca que nutre pela jovem Daisy, uma rica herdeira bela e frívola. A sua obsessão por ela fá-lo reinventar-se para por fim poder reclamar a sua amada, numa autêntica encarnação do sonho americano. Porém, o reencontro de ambos acaba por desencadear uma série de acontecimentos trágicos, com Gatsby a ser vítima não apenas da sua ambição, mas da insensibilidade e falta de valores que imperam na sociedade americana da época.

Gatsby é um tipo misterioso e cheio de dinheiro que mora numa mansão onde dá imensas festas. Nick, jovem educado e vizinho de Gatsby é primo de Daisy que mora no outro lado da ilha e é casada com Tom Buchanan. Daisy é rica, Tom também e tinham tudo para dar certo, não fosse Tom levar demasiadas vezes o carro à oficina e Daisy não ter casado por amor. Estranho, mas já vão perceber...
O que não se sabe ao inicio é que Daisy e Gatsby tiveram uma caso antes desta conhecer Tom, mas Gatsby era pobre e Daisy precisava orientar a vida (LOL). 
Ora Gatsby era pobre mas não era burro e sempre sonhou alto, quis subir na vida e conseguiu. Mas faltava o grande amor da sua vida... 
Que coincidência ter comprado uma mansão justamente ao lado da humilde casa do primo da sua amada! Gatsby não perde a oportunidade de se aproximar de Nick para conseguir chegar a Daisy e daí acaba por surgir uma amizade verdadeira, porque Tom é correcto, é educado e não julga ninguém antes de conhecer verdadeiramente.
Os planos de Gatsby acabam por dar certo e chega enfim o tão esperado reencontro. Gatsby percebe que ainda ama Daisy como no passado e Miss Buchanan ao ver a casa de Gatsby repara que se tivesse esperado um pouco mais teria casado com um MEGA-MULTI-MILIONÁRIO em vez de um tipo rico ( buá, buá, buáaaaa, ora toma lá :P).
Depois temos romance, bebida, carros, revelações e TRAGÉDIAS... (daquelas de fazer parar a leitura para respirar e recompor as ideias) 

Esta história narrada por Nick é um genial romance que se lê em poucas horas. O par romântico e tudo o que se desenrola à sua volta é bem cliché, mas a forma como é narrada a história, os diálogos, o retrato social e todo aquele final surpreendente e cheio de "dicas" fazem deste livro um genial clássico norte-americano. Scott Fitzgerald conseguiu retratar muito em poucas páginas e escrever uma história cheia de imprevistos. Eu achava sempre que já sabia o que ia acontecer e adorei errar tantas vezes. 
Atribui 4* no Goodreads quando terminei a leitura, mas depois de reflectir e escrever sobre ele, fui modificar e juntei mais uma estrela. É uma história cheia de personagens que vou recordar por muito tempo e um grande regresso às leituras por isso tornou-se um livro marcante.

Imaginem só, que eu quis ler este livro quando surgiu o filme e depois de ter visto isto...
Deus vê tudo e eu também! <3
Só vi isto sobre a adaptação cinematográfica.
Felizmente não vi o filme, nem o homem aranha e consegui dar a Tom um ar agradável e respeitável xD
Eu interessei-me pelo livro da maneira mais parvinha e fútil, mas foi isso que me fez descobrir um excelente clássico, um novo autor para conhecer melhor e personagens que não irei esquecer.
Vale muito a pena ler, O GRANDE GATSBY.

E vocês já leram? O que acharam? 

domingo, 10 de janeiro de 2016

Concerto de Reis pela AMDF na Igreja Matriz da Erada

Olá!

Hoje venho partilhar convosco um pouco da minha noite de ontem. Uma noite marcada pela música que me deixou maravilhada, feliz, leve e inspirada =)

Quem me acompanha já sabe o quanto gosto de música e de cantar e ontem tive a oportunidade de assistir ao vivo a um concerto com orquestra e coro de câmara aqui na minha aldeia, Erada.
Esta iniciativa da Junta de Freguesia é de louvar. E só com muito empenho da Junta de Freguesia, da Paróquia e claro da Academia de Música e Dança do Fundão é que tal foi possível.

Confesso que só há poucos meses tive conhecimento desta academia, algo que me envergonha pois a cidade do Fundão fica a poucos minutos daqui. Mas, mais vale tarde do que nunca :)

A Academia de Música e Dança do Fundão nasceu no seio da Santa Casa da Misericórdia do Fundão no ano de 1994 como um Projecto de sensibilização dos jovens para as artes, tendo já no início a adesão de 106 alunos. O passo seguinte foi então o reconhecimento da Academia pelo Ministério da Educação a 6 de Dezembro de 1996. 
Esta Academia, embora jovem, tem tido um papel decisivo no Desenvolvimento Cultural da Região intervindo em actuações públicas através de Concertos, Intercâmbios, Audições, Ciclos Musicais.
Em paralelo e em parceria com a Câmara Municipal de Penamacor é criado um polo nesse concelho. Actualmente a AMDF é responsável por mais de 550 alunos
São de realçar os já tradicionais concertos do dia mundial da música, de Natal e de final do ano lectivo onde há a participação não só dos alunos como também dos professores integrantes da Academia e também os espectáculos de Dança, o “Estágio de orquestra juvenil de Cordas” e o Concurso Internacional “Cidade do Fundão”.
Os alunos da Academia têm participado em diversos Concursos Internacionais de Música realizados em Portugal, Espanha, França, Polónia e Rússia onde foram galardoados com mais de 100 prémios. 
Na diversidade destas acções procura-se enriquecer sempre os alunos alargando os seus horizontes no campo das artes

Foto durante o aquecimento. Retirada da pág. de facebook da AMDF
A AMDF trouxe apenas parte do seu Concerto de Natal pois como devem imaginar seria complicado logisticamente trazer todos os músicos e equipamento, mas esta pequena amostra do seu trabalho foi incrível e não esquecerei tão cedo.

O concerto dividiu-se em três parte e contou com a participação do Coro de Câmera, Orquestra de Sopros, Orquestra de Cordas e a colaboração dos professores da academia.

Para os mais interessados deixo o Programa para poderem pesquisar as músicas. ´


No la debemos dormir | Cancionero de Upsala
Carol of the bells |  Mykola Leontovych
Swing low, sweet chariot | Tradicional, arr. Josly
I'm gonna sing | Traditional Spiritual
Thank you for the Christmas | Tra. Jamaicana, arr. Bruno Martins
Coro de câmera
Direção Bruno Martins

Cascade Festival Overture | Mark Williams
Holidays highlights | Mark Williams
Christmas at the Movies | John Moss
Jingle Bells | Arr. C. Sockwell
Orquestra de Sopros 
Direção Carlos Salazar

Pastoralmesse, op. 24 | Karl Kempter
Orquestra
Coro de Cãmera
Soprano | Maria Mendes
Mezzo Soprano | Margarida Geraldes
Tenor | José Tavares
Barítono | André Prata
Orgão | João Paulo Cunha
Direcção | Bruno Martins

Jingle Bells | Trad. arr Carlos Branco
Todas as formações
Direção Bruno Martins



Já perto do final a AMDF ainda nos presenteou com um extra: Cegonha de Carlos Paião.

Foi uma noite encantada para todos os que estavam presentes, mas para uma pessoa em particular. O nosso Padre Rui Manique completou mais um aniversário ontem e para ele estava reservada uma surpresa, uma homenagem com contou com a presença dos seus familiares. Tão cedo não esquecerá este aniversário!



Outra coisa que não posso deixar de salientar é a acústica da nossa igreja. Já tinha percebido que depois das obras de requalificação tinha melhorado bastante, mas ainda não tinha tido oportunidade de apreciar desta forma. 

Espero que momentos destes se repitam pois são importantes para a comunidade e para estes jovens músicos. São portadores de um dom incrível e espero que todos tenham oportunidade de ir o mais longe possível. 
Parabéns a todos e um bem haja a todos os que proporcionaram esta noite magnifica. 

Facebook da AMDF
Página web da AMDF

Espero que tenham gostado ;)


domingo, 3 de janeiro de 2016

Leituras para janeiro

Olá!
Parece que finalmente depois deste fim de semana a vida vai voltar ao normal. Acabaram as festas, as férias ou o trabalho extra e voltamos à rotina de sempre. E aproveitando a calmaria, o mau tempo, as noites longas e a minha vontade de retomar as leituras decidi separar já 4 livros para ler este mês.
Tenho noção que posso falhar a meta pois perdi o ritmo de leitura, mas estou motivada e vou apostar em alta já no inicio do ano. 
Conseguiremos!! =)

Em primeiro lugar tenho de acabar o livro da minha querida Isabel Ricardo. 
Portei-me mal na leitura conjunta e não cheguei ao fim e é mais do que obrigação terminar a leitura, por mim, por ele e pelo pessoal do Cantinho do Fiacha que estava a participar.
Podem encontrar toda a informação sobre A Revolução da Mulher das Pevides AQUI.

O segundo livro, separei para o desafio no Goodreads Ler autores portugueses
É uma leitura também para a parceria com a Chiado Editora e estou muito entusiasmada pois trata-se de um autor serrano tal como eu e que mora bem perto na vila de Unhais da Serra. 
Podem ler a sinopse AQUI.

O terceiro livro escolhido é para recomeçar o meu desafio Um Clássico por mês. Foi uma escolha aleatória entre os mais fininhos da estante dos clássicos ;) 
Sinopse: Justamente considerada uma das mais importantes obras de ficção do século XX, O Grande Gatsby é um retrato notável da era dourada do jazz em toda a sua decadência e excessos. Pelos olhos do provinciano Nick Carraway, conhecemos a história do misterioso Jay Gatsby, um milionário que subiu na vida a pulso, movido pela paixão quixotesca que nutre pela jovem Daisy, uma rica herdeira bela e frívola. A sua obsessão por ela fá-lo reinventar-se para por fim poder reclamar a sua amada, numa autêntica encarnação do sonho americano. Porém, o reencontro de ambos acaba por desencadear uma série de acontecimentos trágicos, com Gatsby a ser vítima não apenas da sua ambição, mas da insensibilidade e falta de valores que imperam na sociedade americana da época.

E por último um livro que comprei muito recentemente e que quero muito, muito ler.
Sinopse: Estrella deMadrigal pensava que sabia quem era: filha, neta, irmã, melhor amiga, amada. Ela é a Estrela no Céu Nocturno, a Verdade no meio da Escuridão. Mas, em Espanha, neste século cruel e impiedoso, a verdade é um bem precioso e raro. Os judeus que recusam a conversão ao Cristianismo arriscam tudo o que têm: o amor, a vida, a família e a fé. A certa altura, uma descoberta espantosa abala profundamente a existência de Estrella. E no entanto, esta mudança devastadora é provocada por algo pequeno e doce. Um beijo. O beijo de alguém que Estrella está proibida de amar. À medida que uma nova rapariga emerge do casulo de segredos no qual foi criada, a paixão desponta e a amizade desmorona-se - a traição acaba por libertar um monstro maligno das profundezas da terra. Estrella dá por si numa situação que nunca julgou ser possível; é alguém que nunca imaginou ser.

É um livro impossível de resistir. Tem uma capa lindíssima e uma sinopse que me convenceu. Estou bastante curiosa até porque custa muito pouco e está disponível na wook por apenas €1,51. Confirmem!

E quais os vossos planos para este mês?
O que andam a ler?

Beijinhos ;)


sábado, 2 de janeiro de 2016

Há Momentos de Clarice Lispector

Há Momentos


Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.

Clarice Lispector (1920-1977)


sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

Balanço de 2015 e desafios para 2016

Feliz ano novo para todos!


Espero que tenham entrado no novo ano com o pé direito e cheios de confiança e vontade de viver 2016. Eu para variar estou cheia de ideias e vontade de as por em prática mas como costumo deixar tudo a meio ou nem começar algumas, quero este ano ser mais organizada e empenhada. Esse é o meu primeiro desejo e promessa. 

O ano de 2015 passou tão rápido! Vivi tudo intensamente e a nível pessoal houve muitas mudanças e acontecimentos. Foi um ano rico em experiências, no geral um ano feliz sem grandes problemas e agradeço desde já à vida por isso, eu já merecia um pouco de tranquilidade.
A nível de leituras foi muito fraco, para quem me segue já não é novidade, mas não considero isso mau pois outras áreas na minha vida estavam a precisar de atenção e resolvi dedicar-me mais a elas. Podem crer que vou continuar a dar bastante importância à minha saúde, alimentação e à minha espiritualidade e sinto que já serei capaz de conciliar tudo com as leituras e o dia a dia.
Umas das coisas mais maravilhosas este ano que passou foi ver o meu filho amadurecer, tornar-se um homenzinho e um bom aluno. É um orgulho olhar para ele e ver que estou a fazer um bom trabalho. Tem os seus defeitos e dá os problemas que qualquer criança dá, faz parte e só assim eles crescem e nós também, mas é tão bom quando ele é conversa, quando ele me repreende por dizer um palavrão ou me quer dar lições de culinária ou de português =). O pirata é o maior!

O que desejo para este ano para mim é o que desejo para vós. 
Sejam sempre bem vindos e eu prometo não deixar morrer A Guerra dos Sonos!

Desafios para 2016:
  • Um Clássico por mês (agora a sério, sem falhar...)
  • Ler no mínimo 30 livros (Contagem no Goodreads)
  • Ler 5 livros para poder comprar um novo (5+1)
  • Fazer mensalmente 2 publicações sobre saúde e bem estar
  • Desafiar o Pirata para colaborar mais no Blogue
  • ...
  • Principalmente não deixar de escrever e trabalhar cada dia mais para que sintam que este espaço também é vosso e é útil essencialmente.
E antes de me despedir quero só mostrar as minhas aquisições de Natal. 
Duas ofertas; Receitas Saudáveis do incrível e inspirador Jamie Oliver e o bloco de notas com uma mensagem motivacional que me vai acompanhar ao longo do novo ano. 
As compras foram feitas num impulso, é difícil resistir a um livro do Bukowski e a um livro  com esta capa lindíssima e pelo preço de €1,50, sim, na wook, comprei para oferecer e gostei tanto que mandei vir outro para mim. :P


A mensagem é curtinha mas penso que resume bem o que me vai na mente. 
E quais são os vossos planos para 2016?

Beijinhos!!